RUÍNAS
Há um poço de fundura íngreme,
um abismo em teu olhar.
Um vazio metálico, punhais
e um medo mais profundo ainda.
Rios escondem luares
e ruínas de noites, em teu olhar;
e meu olhar penetra a solidão
que neles busca sossego.
Um jeito triste de névoa
e turbulências de dores
desamparam teu olhar,
que não sobrevive ao meu.
Há um poço de fundura íngreme,
pedras de corte,
farpas e chispas, em teu olhar.
E um abismo entre nós.
............................................................................
VOLTA
Esta clareira aqui, sob o peito,
tem vazios, valas, lonjuras
e fósseis de amores tardios.
Nem mais ouço os alaridos
de minha carne chamuscada
sobre as peliças de outrora.
Mas sinto o rodopio do vento
grimpar ladeiras e flancos,
com a saudade nos ombros.
..........................................................................
TEMERIDADE
Pelos vãos de meus dedos,
passam cismas, fogem tramas
e sossegam pensamentos,
todos, crias do acaso.
Nos vincos de minha boca,
beija-flor colhe palavras
e poliniza saudades
que se foram nas tramóias
dos ocasos de passagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário